Pois o que é o mal além do bem torturado por sua própria fome e sede?
Em verdade, quando o bem está com fome, busca alimento mesmo nas cavernas escuras e, quando tem sede, bebe até mesmo das águas paradas.
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Assim como a casca da fruta deve se partir, vosso coração também deve ficar ao sol, para que conheçais a dor.
E que consigais manter vosso coração maravilhado com o milagres diários da vossa vida, que vossa dor não pareça menos maravilhosa que a vossa alegria;
E aceitareis as estações do vosso coração, assim como sempre aceitastes as estações que passam sobre os vossos campos.
E olhareis com serenidade os invernos da vossa dor.
Grande parte da vossa dor foi vós que escolhestes.
É a poção amarga com o que médico dentro de vós cura vosso ser doente.
Portanto, confiai no médico e tomai o seu remédio em silêncio e tranqüilamente;
Pois a mão dele, apesar de pesada e áspera, é guiada pela mão macia do Invisível,
E o cálice que ele traz, apesar de queimar vossos lábios, foi feito da argila que foi umedecida com as próprias lágrimas sagradas do Oleiro.
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Quando o amor vos chamar, segui-o,Apesar do seu caminho ser duro e íngreme.
E quando suas asas vos envolverem, abraçai-o,
Apesar da espada escondida entre suas penas poder ferir-vos.
E quando ele falar convosco, acreditai nele,
Apesar de sua voz poder esfacelar vossos sonhos como o vento norte arruina o jardim.
Pois mesmo quando o amor vos coroa, ele vos crucifica. Mesmo sendo para o vosso crescimento, ele também vos poda.
Mesmo quando ele chega à vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que tremem ao sol,
Ele também desce até vossas raízes e abala a vossa ligação com a terra.
(...)
O amor não dá nada além de si mesmo e não toma nada além de si mesmo.
O amor não possui nem é possuído;
Pois o amor é suficiente ao amor.
Quando vós amais, não deveis dizer "Deus está no meu coração", mas sim "Estou no coração de Deus".
E não pensais que podeis dirigir o curso do amor, pois o amor, se achar que mereceis, dirige o vosso curso.
Khalil Gibran
(fonte: Khalil Gibran. O Profeta. Tradução de Bettina Becker. Porto Alegre, L&PM, 2001. p. 82, 69-70, 22-24)