A atenção meditativa tem três qualidades primordiais: a primeira é calma, a segunda, abertura e a terceira, a harmonia. Quando praticamos a meditação, nós nos tornamos naturalmente calmos, relaxados e confortáveis, e constatamos que a meditação é sedativa e agradável.
Depois de estabelecermos este fundamento básico do relaxamento, surge uma qualidade de abertura e aceitação que está isenta de dúvida, de preocupação e de julgamento. Já nos preocupamos menos com a "meditação" e com o "meditador", ou com o procedimento "correto" e "incorreto". Nesse estado natural da meditação não subsistem perguntas.
À medida que perdemos nossos apegos e ansiedades, vivenciamos uma sensação de clareza, de harmonia e de inteireza - uma sensação de vigília que é muito bonita. Nesse momento, podemos ver nossos pensamentos e emoções com muita lucidez e, apesar disso, não somos distraídos nem importunados por eles.
Depois de vivenciar essas três qualidades da meditação, vivemos a sua influência em cada pensamento, em cada palavra e em cada ato da nossa vida diária; temos um sentimento "despertado" de alegria, de clareza e de realização numa espécie de visão verdadeira. À medida que vivenciamos a meditação, a atenção aumenta e, na realidade, passa a fazer parte de nós.
Na atenção pura, a nossa meditação é semelhante ao céu aberto - é semelhante ao espaço vazio. Não há sujeito e não há objeto.
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Assim, toda vez que ocorrerem pensamentos ou julgamentos, podemos deixá-los passar; podemos deixar passar o meditador e qualquer "coisa" meditada. Quando permitirmos que flua livremente a energia positiva desse estado natural da mente, nossas energias corporais também começarão a mover-se livremente. Nesse ponto, é fácil meditar porque não há nada para praticar, nada para fazer, nada para realizar ... há apenas a plenitude do ser. Assim sendo, nossa experiência é a nossa meditação e nossa meditação é a nossa experiência.
(fonte: Tarthang Tulku. Gestos de equilíbrio: guia para percepção, a autocura e a meditação. Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo, Pensamento, p. 118, 120.)
(imagem de autoria desconhecida)
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