Toda violência é injusta. Não se pode apagar o fogo do ódio e da violência alimentando suas chamas com mais ódio e violência. O único antídoto para a violência é a compaixão. Do que é feita a compaixão? Ela é feita de compreensão. Quando não há compreensão, como podemos sentir compaixão, como podemos sequer começar a aliviar o enorme sofrimento que ali está? Portanto, compreensão é realmente o alicerce sobre o qual construímos a nossa compaixão. (...)
Como podemos produzir uma gota de compaixão que seja capaz de apagar o fogo do ódio? Você sabe que compaixão não é coisa que se venda nos supermercados. Se fosse, bastaria a gente comprar e levar para casa e assim resolveríamos o problema do ódio e da violência no mundo com muita facilidade. Acontece que só a nossa prática pode produzir compaixão no coração de cada um de nós. (...)
O método do Buda consiste em examinar em profundidade para ver a fonte do sofrimento, a fonte da violência. Se temos violência dentro de nós, qualquer ação pode fazer essa violência explodir. A energia do ódio e da violência pode ser muito grande e, quando vemos isso em outra pessoa, nós temos pena dela. Quando temos pena dessa pessoa, a gota da compaixão nasce em nosso coração e nos sentimos bem mais felizes e em paz com nós mesmos. Isto gera o néctar da compaixão dentro de nós. (...)
O mal existe. Deus também existe. O Mal e Deus são dois lados de cada um de nós. Deus é a grande compreensão e o grande amor dentro de nós. É o que nós também chamamos de Buda, a mente esclarecida que pode ver através de toda a ignorância.
O que é o mal? É o que surge quando o rosto de Deus ou de Buda ficou escondido. Cabe a nós escolher se o lado do mal se tornará mais importante ou se o lado de Deus e do Buda irá resplandecer. Mesmo que o lado de grande ignorância - o lado do mal - esteja se manifestando com vigor em determinado momento, isto não implica que Deus não esteja ali
Está perfeitamente claro na Bíblia: "Perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem". Isto significa que um ato de maldade é um ato de imensa ignorância e incompreensão. É provável que haja muitas percepções equivocadas por trás de um ato maligno; é preciso perceber que a ignorância e a incompreensão estão na raiz do mal. Todo ser humano traz em si todos os elementos de grande compreensão, grande compaixão e também de ignorância, ódio e violência. (...)
Desenvolver a gota de compaixão no próprio coração é a única resposta espiritual eficaz ao ódio e à violência. Essa gota de compaixão resultará em acalmarmos nossa raiva, examinarmos a fundo as raízes da nossa violência, escutarmos em profundidade e compreendermos o sofrimentos de todos os envolvidos nos atos de ódio e violência.
(fonte do texto: Thich Nhat Hanh. Serenando a Mente: o olhar budista sobre o medo e o terrorismo. Tradução de Ricardo Anibal Rosenbusch. Petrópolis, RJ : Vozes, 2007. p. 132-140)
O amadurecimento no caminho espiritual cria para nós milhares de possibilidades. Toda magia e encantamento das dez mil coisas que surgem diante de nós ganha vida de uma maneira nova. Nossos pensamentos e sentimentos se abrem como uma paleta em expansão. Experimentamos mais profundamente tanto a beleza quanto o sofrimento da vida; podemos ver com novos olhos e ouvir toda a grande canção da vida.
(...) Todas as grandes religiões são apenas conjuntos de palavras e conceitos, cortinas puxadas sobre o grande mistério da vida. Elas são os caminhos que grupos de seres humanos iguais a nós encontraram para interpretar, compreender e se sentir seguros diante da indescritível, impenetrável e sempre mutável canção da vida.
Como honramos esse mistério? A partir de uma perspectiva desperta, a vida é um jogo de padrões, os padrões das árvores, o movimento das estrelas, o padrão das estações e os padrões da vida humana em todas as suas formas. Cada um desses padrões poderia ser chamado de uma canção ou de uma história. (...) Esses padrões básicos, essas histórias, os arquétipos universais através dos quais toda vida surge, podem ser vistos e ouvidos quando estamos serenos, atentos e despertos.
À medida que a nossa visão se abre, podemos fazer indagações extraordinárias. Quais os padrões e histórias que nos foram reservados nesta vida? Qual a forma "individual" que assumimos desta vez? Quais os mitos e histórias que herdamos e quais histórias continuamos acompanhando em face do mistério?
(...) As circunstâncias da nossa vida nos levam a certos temas, a certas tarefas a cumprir, a dificuldades que precisamos enfrentar e a lições que temos de aprender. Convertemos isso tudo na nossa história, na nossa canção. À medida que ouvimos profundamente, podemos escutar qual parte escolhemos, como criamos nossa identidade diante do mistério. Contudo, precisamos perguntar: "É isso que eu sou?"
A prática espiritual é revolucionária. Ela permite que saiamos da nossa identidade pessoal, da nossa cultura e religião, para experimentar mais diretamente o grande mistério, a grande música da vida.
(...) Aqui à nossa volta está sempre o mistério. Essa grande canção tem a alegria e a tristeza como sua urdidura e textura. Entre as montanhas e os vales do nascimento e da morte, encontramos todas as vozes e todas as possibilidades. A prática espiritual não nos pede para colocarmos mais crenças em cima de nossa vida. No seu cerne, ela nos pede para despertar, para enfrentar a vida diretamente.
(...) Veremos como isso pode ser difícil. Encontraremos todas as histórias de dor e medo, o sentimento contraído do eu que se retrai diante das inevitáveis adversidades e sofrimentos da vida. Sentiremos o vazio e a perda na impermanência de nós mesmos e de todas as coisas. Durante um certo tempo da prática, toda a criação talvez pareça ser uma história limitada e dolorosa, na qual a vida é impermanente, cheia de sofrimentos e difícil de suportar. Talvez ansiemos por afastar-nos de suas dores e reveses. Mas essas perspectivas são apenas a primeira parte do nosso despertar.
A segunda parte da grande história do despertar não se refere à perda ou à dor, mas ao encontro da harmonia da nossa própria canção dentro da grande canção. Podemos encontrar paz e liberdade diante do mistério da vida. (...) No processo de transformação, surge uma abundância de novas formas, de novos nascimentos, de novas possibilidades, de novas expressões de arte, de música e milhões de formas de vida. É somente porque tudo está mudando que essa generosa e ilimitada criatividade existe.
O tesouro oculto nos sofrimentos, nas tristezas e dores do mundo é a própria compaixão. A compaixão é a resposta da vida ao sofrimento. Compartilhamos a beleza da vida e o oceano das lágrimas. O sofrimento da vida é parte do coração de cada um de nós, e parte daquilo que nos liga uns aos outros. Ele traz consigo a sua ternura, a misericórdia e uma bondade universal que pode tocar todos os seres.
(...)A prática espiritual oferece a possibilidade de descobrirmos a maior de todas as histórias: de que somos tudo e nada. É possível perceber que todas as coisas estão interligadas na criatividade e na compaixão. (...) Todas as coisas são uma parte de nós mesmos e, ainda assim, de algum modo não somos nenhuma delas e estamos além delas.
Quando escreveu esta simples prece, "Ensinai-nos a querer e a não querer", T. S. Eliot captou a possibilidade de valorizar a preciosidade de cada momento sabendo, ao mesmo tempo, que cada momento logo se dissolveria na grande canção. Podemos conservar cada florescer da vida com um coração aberto e sem apego; podemos honrar cada uma das notas da grande canção destinada a surgir e a passar com todas as coisas.
(...) O coração desperto pode responder à pergunta (...): "Quem pode desemaranhar o emaranhado deste mundo?" Descobrimos um milagre: todas as criações da mente e do coração podem ser transformadas. (...) A descoberta do nosso coração compassivo pode desenredar o nosso sofrimento; o despertar dos olhos da sabedoria pode desenredar a nossa ilusão.
(...) Os sofrimentos criados pela mente podem ser desenredados. Podemos libertá-los e nos abrir àquela grande canção que está além de todas as histórias, ao dharma, que é atemporal. Podemos mover-nos através da vida realizando a nossa parte e, ainda assim, ser livres em meio à vida. Quando as histórias da nossa vida não nos prendem mais, descobrimos algo maior dentro delas. Descobrimos que dentro das próprias limitações da forma (...) está a liberdade e a harmonia que buscamos por tanto tempo. Nossa vida individual é uma expressão do mistério como um todo, e nela podemos repousar no centro do movimento, o centro de todos os mundos.
(fonte: Jack Kornfield. Um caminho com o coração. Tradução de Merle Scoss e Melania Scoss. São Paulo, Cultrix, 1999, p. 292-299)
Jesus Cristo, Jesus Cristo Jesus Cristo, eu estou aqui
Olho para o céu e vejo Uma nuvem branca que vai passando Olho na terra e vejo Uma multidão que vai caminhando Como essa nuvem branca Essa gente não sabe aonde vai Quem poderá dizer o caminho certo É Você meu Pai
Jesus Cristo, Jesus Cristo Jesus Cristo, eu estou aqui Jesus Cristo, Jesus Cristo Jesus Cristo, eu estou aqui
Em cada esquina eu vejo O olhar perdido de um irmão Em busca do mesmo bem Caminhando vem nessa direção É meu desejo ver Aumentando sempre essa procissão Para que todos cantem Na mesma voz essa oração
Jesus Cristo, Jesus Cristo Jesus Cristo, eu estou aqui Jesus Cristo, Jesus Cristo Jesus Cristo, eu estou aqui
O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.
Fernando Pessoa
(fonte texto: www.leonorcordeiro.blogspot.com)
(fonte imagem: www.flickr.com/galeria de flor-de-maracuja)
Numa noite de inverno, um velho apache chamou seu neto para junto da fogueira da aldeia para lhe falar do combate que acontece dentro das pessoas. Ele disse:
- A batalha é entre dois lobos que vivem dentro de cada um de nós. Um é mau e suas manifestações são a raiva, a inveja, o ciúme, a tristeza, o desgosto, a cobiça, a arrogância, a pena de si mesmo, a culpa, o ressentimento, a inferioridade e o orgulho falso.
- E o outro?
- O outro é bom. É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
O neto pensou nessa luta e perguntou novamente ao avô:
- E qual o lobo que vence, vovô?
O velho índio respondeu:
- Aquele que tu alimentas!
(fonte texto: Jornal Zero Hora - Almanaque Gaúcho - 04/05/2010)
Para cultivar a sabedoria, é preciso força interior. Sem crescimento interno, é difícil conquistar a autoconfiança e a coragem necessárias. Sem elas, nossa vida se complica. O impossível torna-se possível com a força de vontade.
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Deve haver um equilíbrio entre o progresso espiritual e o material. Atinge-se esse equilíbrio por meio de princípios calcados no amor e na compaixão. O amor e a compaixão são a essência de todas as religiões, que têm muito a aprender entre si. O objetivo primordial de todas as religiões é criar seres humanos mais tolerantes, mais compassivos e menos egoístas.
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A nossa sombra interior, a que chamamos de ignorância, é a raiz de todo o sofrimento. Quanto mais luz houver, menos a sombra se manifestará. A luz é o único caminho para a salvação, para alcançar o nirvana.
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(...) As principais religiões do mundo — budismo, cristianismo, judaísmo, confucionismo, hinduísmo, islamismo, jainismo, sikhismo, taoísmo, zoroastrismo — possuem os mesmos ideais de amor, o mesmo objetivo de beneficiar a humanidade por meio da prática espiritual, e a mesma determinação de aprimorar seus praticantes como seres humanos. Todas as religiões pregam preceitos morais para o aperfeiçoamento da mente, do corpo e da fala. Todas nos ensinam a não mentir, roubar ou tirar a vida de outras pessoas. A essência de todos os preceitos morais preconizados pelos grandes mestres da humanidade é o não-egoísmo. Esses mestres tinham como objetivo remir os praticantes de ações negativas, frutos da ignorância, e conduzi-los ao caminho do bem.
(fonte:Dalai Lama - os alicerces da paz interior - http://www.eurooscar.com/Dalai1/dalai1.htm) (fonte da imagem:google images/mandalas)
E o final de toda nossa exploração será chegar onde começamos ... e conhecer o lugar pela primeira vez.
"We shall not cease from exploration and the end of all our exploring will be to arrive where we started... and know the place for the first time." T.S. Eliot
(fonte: http://quotationsbook.com/quote/13496) (fonte da imagem: http://www.arscientia.com.br)