(...) A depressão é, sabidamente, uma emoção pesada, porque, uma vez estabelecida, é de difícil remoção. Enquanto ela perdura, a consciência sente-se perturbada e aprisionada, porque a depressão é uma emoção que entra em dissonância com a nossa real natureza, impedindo que nosso Ser encontre possibilidade de expressar-se. Em contrapartida, quando sentimos a emoção leve da alegria, o nosso Ser consegue expressar pelo menos algo de sua natureza real e, por isso, a felicidade flui de dentro para fora sem obstáculo: a consciência sente-se livre.
(...) As emoções e os pensamentos são decorrentes de hábitos, e como (...) há estados pesados e leves, surge a idéia de transformar nossos hábitos emocionais e mentais. Esta arte de transformação dos estados psicológicos era conhecida entre os antigos como meditação e visava a libertação da consciência.
Uma das técnicas mais elementares de meditação é a da substituição. Está baseada no fato de que a mente só se ocupa com um pensamento de cada vez, de modo que a melhor maneira de se livrar de uma emoção pesada é substituí-la por uma leve.
(...) Se observarmos, poderemos descobrir que as emoções nutrem-se das imagens mentais: os pensamentos. Por isso, a maneira correta de adquirir auto-domínio sem acumular repressões inconscientes é dirigir a energia do pensamento para estados leves, pois assim, por falta de nutrientes, os estados pesados gradualmente perderão sua força. Isso acontece automaticamente mesmo que não estejamos conscientes do processo.
É fácil controlar qualquer estado emocional em seus momentos iniciais; entretanto, costuma ser difícil libertar a consciência de emoções pesadas depois dos poucos minutos que elas necessitam para se fortalecer e se estabelecer.
(...) Se nós estivermos a observar vigilantes os movimentos da mente, de momento a momento, pode-se adquirir de modo gradual um domínio de nossos estados psicológicos. Faz-se isso usando a dispersão usual do pensamento a nosso favor, substituindo-os prontamente sempre que necessário.
No caso da depressão, por exemplo, quando percebemos que pensamento está querendo trilhar os labirintos dos nossos problemas sem solução à vista, e que são os que usualmente nos deprimem, chamemos prontamente à nossa atenção os nossos "bons pensamentos em reserva", substituindo, assim, os anteriores que nos conduziriam aos estados pesados. São técnicas elementares, se comparadas a outras mais avançadas, porém são eficazes e precisamos dominá-las antes de poder usar as outras com segurança.
Livro: "A Tradição-Sabedoria"
Autor: Ricardo Lindemann (em co-autoria com Pedro Oliveira)
Presidente da Sociedade Teosófica do Brasil
www.sociedadeteosofica.org.br
Transcrito e selecionado do "Jornal Mais Petrópolis"/Dez 2013
www.maispetropolis.wordpress.com
Um comentário:
Gostei muito do "post". É interessante esse assunto. Realmente, precisamos estar, tanto quanto possível, atentos às viagens do pensamento para não cairmos nos meandros dos pensamentos "pesados" que nos deprimem, principalmente nessa época de pandemia, em que as vibrações comumente andam mais baixas. Interessante a técnica de substituição por imagens mentais agradáveis. Precisamos nos lembrar disso... Votos de paz.
Postar um comentário